INOVAÇÃO II

Amigos, sejam todos bem vindos!



Na semana que passou demos início a uma série de resumos acerca do tema INOVAÇÃO, palavra que, por sinal, é muito utilizada nos dias atuais. Fizemos, naquela oportunidade, um apanhado histórico super generalizado acerca de alguns países que se destacaram no último século em inovações tecnológicas. Percebam que não estamos discutindo aqui ainda o sucesso ou insucesso desses países, nem os diversos fatores que os fizeram chegar às situações aos quais se encontram na atualidade. Nossa abordagem, por enquanto, ainda se limita ao aspecto da inovação somente, afirmando que a inovação é uma das condições para o enriquecimento de empresas e países, e que apesar de ela ser importante, não pode ser considerado a única.


Ficou estabelecido também que abordaríamos, sumariamente, a situação do Brasil no cenário mundial em relação à inovação. Podemos começar essa breve análise fazendo uma constatação da realidade atual de nosso querido país no que diz respeito ao desenvolvimento de novas tecnologias. Tirando algumas áreas de exceção, tudo o que o Brasil tem de novidades tecnológicas, são desenvolvidas no exterior. Nosso país não desenvolve absolutamente nada de equipamentos eletrônicos em grande escala. Tirando algumas exceções pequenas, tudo o que é ligado à eletrônica e a microeletrônica, é feito no exterior. Televisores, monitores, computadores, celulares, entre outros, cuja a etiqueta diz ''made in Brazil", são apenas montados aqui em nosso país, como um quebra cabeças. As peças vêm prontas ou são mandadas fazer em países como os Tigres Asiáticos, China, India ou nos chamados Novos Tigres Asiáticos (Indonésia, Filipinas, Malásia e Tailandia) , etc. Quando muito, aqui no Brasil, faz-se apenas o projeto enquanto as peças e componentes manufaturados vêm desses países. O Brasil, infelizmente não consegue, não sabe, não tem tecnologia própria para fabricar computadores, por exemplo. Tudo ou quase tudo é importado! Aquelas poucas peças aqui fabricadas, são feitas, mediante tecnologias importadas...


Essa é nossa triste realidade. Nosso país não desenvolve tecnologia aplicada. O Brasil apresentou um crescimento fantástico nas décadas de 60 e 70, era o chamado "País do Futuro" um país que por seu tamanho continental e seu ritmo de crescimento figuraria entre as principais nações do mundo, mas, não foi bem assim que aconteceu. Nosso país falhou e falha ainda muitíssimo no apoio e na qualidade de ensino de nível superior. A principal característica de países, e empresas que se sobressaem no mundo moderno e assim sobrevivem, é a capacidade inovadora. Mas como inovar sem pesquisa? Como inovar sem pesquisadores (PHDs, Doutores e Mestres)? O Brasil não se desenvolveu por que não investiu o suficiente em pesquisa, em ensino superior de qualidade. Digam o que disserem, mas esse é ponto fundamental.


Todos os níveis de educação são importantes, e a qualidade em todas elas deve ser levada fortemente em consideração, todavia, a educação em nível superior puxará para cima o nível das outras. A universidade (de qualidade) forma seres pensantes e questionadores, dispostos a melhorar o ambiente em que vivem, pois assim, eles mesmos estarão em condições melhores. Quando o poder fica na mão de "Coronéis" ricos e sem instrução, é para eles muito interessante que as pessoas não tenham conhecimento, lhes é conveniente. Mas no mundo tecnológico isso custa caro, caríssimo!


No Brasil faltam doutores nas universidades, e o incentivo para que se formem mais destes profissionais é escasso. Seja pela falta de bolsas, seja pelos baixos salários depois de formados, seja até mesmo pela frustração de não conseguir trabalhar na área. Conheci uma Doutora em Bioquímica que tinha de trabalhar no balcão de uma farmácia, pois não havia oportunidades de trabalhar como pesquisadora. Felizmente passou em um concurso em uma Universidade Pública, mas por anos ficou naquela situação. Não que o trabalho seja indigno, mas o ponto é o desperdício de talento, de anos e anos de estudos. Esse é o nosso Brasil, e ainda perguntam por que não vamos para frente?!


Circulava pela TV uma propaganda de uma ex-estatal brasileira, que diziam "não dava lucro", propaganda esta se vangloriando das milhares de toneladas de minério de ferro que exportava todo ano. Um orgulho para o Brasil, uma grande exportador mundial de minério de ferro...! E depois? Volta todo esse minério já fundido, purificado, adicionado carbono formando assim o aço de nossas indústrias. Isto é exportamos o produto bruto, para importar o material industrializado do exterior, nosso mesmo minério exportado outrora, volta em forma de chapas de aço, prontas para o uso. Exportamos toneladas para importar quilos, porque não temos capacidade de fazê-lo aqui! É o tempo do Brasil-Colônia ainda, só que os produtos são um pouco diferentes. Exportamos uma tonelada de soja, para podermos comprar uma placa eletrônica ou alguns chips e circuitos integrados!


Ah, mas nisso pode haver algum questionamento. Podemos ser inquiridos acerca de o Brasil ser referência mundial na produção de alimentos! Sem sombra de dúvidas! Isso dever ser algo de orgulho para nós (apesar de exportarmos soja in natura). Mas por que somos o maior produtor de alimentos do mundo na atualidade? Essa é uma história que começa nos anos 70.


Naqueles anos o Brasil crescia muito, e houve uma preocupação do governo militar, no que diz respeito à oferta de alimentos à população do país. O Brasil precisava equacionar a relação oferta X demanda de alimentos.




"No âmbito do Ministério da Agricultura, um grupo debatia a importância do conhecimento científico para apoiar o desenvolvimento agrícola. Nesse momento, os profissionais da extensão rural começaram a levantar a questão da falta de conhecimentos técnicos, gerados no País, para repasse aos agricultores.


O então ministro da Agricultura, Luiz Fernando Cirne Lima, constituiu um grupo de trabalho para definir objetivos e funções da pesquisa agropecuária, identificar limitações, sugerir providências, indicar fontes e formas de financiamento, e propor legislação adequada para assegurar a dinamização desses trabalhos.


Em 7 de dezembro de 1972, o então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, sancionou a Lei nº 5.881, que autorizava o Poder Executivo a instituir empresa pública, sob a denominação de Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), vinculada ao Ministério da Agricultura. O artigo 7º estabelecia um prazo de 60 dias para a expedição dos estatutos e determinava que o decreto fixasse a data de instalação da empresa. O Decreto nº 72.020, datado de 28 de março de 1973, aprovou os estatutos da Empresa e determinou sua instalação em 20 dias" (WWW.EMBRAPA.BR - acesso em 5/7/2010).




A partir de então, o governo subsidiou, através da nova empresa criada, o doutoramento, principalmente no exterior, de muitos brasileiros, e garantiu local de trabalho a esses pesquisadores nos seus retornos, de modo que eles voltassem para aplicar o que aprenderam e desenvolvessem suas pesquisas aqui em solo brasileiro, literalmente. Santa Catarina é hoje referência nacional em produtividade agrícola. É o estado da federação que mais produz alimentos por hectare no Brasil. Isso se deve ao fato também do investimento estadual em uma empresa de pesquisa agropecuária, a EPAGRI.


Outros exemplos em que o Brasil é espetacular e líder mundial é na exploração de petróleo em águas profundas. A Petrobrás investe milhões de dólares em pesquisas, investe na capacitação de mão de obra, em linhas de pesquisas em universidades, entre outros. Notem a idade da Petrobrás e como aconteceu a consolidação do Brasil como referência neste segmento através dos anos. Aconteceu mediante a pesquisa científica.


Foi o que fez a Coréia do Sul, e é o que estão fazendo hoje a China e a Índia. Mandaram milhares de pesquisadores (doutorandos, principalmente), estudarem ao redor do mundo, e garantem locais próprios e condições de trabalho efetivas quando voltarem doutores aos seus países, aptos para desenvolver e criar novas tecnologias. Uma pesquisa demora, levam-se anos para depois então poder desenvolver um produto e depois sim poder industrializá-los e comercializá-los. A Petrobras levou mais de 30 anos para ser líder. A China está tomando frente, pois há muito já adota tal prática. O Brasil é líder em agricultura, exploração de petróleo em águas profundas e agora em biocombustíveis e também em tecnologia eleitoral, a urna eletrônica, também somos referência. No geral, só isso. Importamos medicamentos (à preços exorbitantes), equipamentos eletrônicos, produtos industrializados gerais, e quando não, importamos a tecnologia da fabricação dos mesmos.


Somos especialistas em exportar os melhores jogadores de futebol... Sempre temos novas jogadas, um jeito novo de jogar. Porque em vez de escola, em vez de praticar estudos, nossas crianças praticam a pelada, todo o santo dia. Na Coréia, as pessoas estudam quase até aos 30 anos de idade, na Itália até aos 25, para então começarem a trabalhar.


Mas no Brasil, para quem quer estudar é muito difícil. É um sofrimento e tanto para conseguir se formar doutor, embora atualmente haja um pouco mais de incentivos, como bolsas, mas ainda somos amadores. Depois de formados, mestres e doutores, não encontram locais de trabalho condizentes com seu potencial e seus conhecimentos.


Assim, fica difícil para o Brasil despontar nesse mundo tecnológico. Felizmente, houve um governo que investiu na educação superior e na formação de doutores na década de 70 e que garantiu trabalhos decentes a esses quando da suas voltas, e hoje podemos em todas as classes, ter alimentos em quantidade abundante e em qualidade altíssima em todo o Brasil. Graças à pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, graças à inovação!



É isso aí amigos. Um pouco de indignação também!



Forte abraço!


INOVAÇÃO

Olá caríssimos amigos e leitores fiéis.


Dando continuidade às nossas séries de textos, iniciaremos hoje uma série acerca de um tema extremamente em voga na atualidade, a INOVAÇÃO.


Nos últimos anos, particularmente na última década esse tema em especial tem tomado assento cativo nas mesas de discussão acerca do futuro das organizações e das sociedades de maneira geral e, por conseguinte do país como um todo. A evolução cada vez mais acelerada das tecnologias, e o interesse do público por esse tipo de ação faz com que a inovação se torne o foco das atenções no planejamento estratégico das empresas bem como no planejamento das ações governamentais sejam elas próprias ou de apoio e incentivo à iniciativa privada.


Para termos uma visão mais fidedigna do tema proposto, é preciso que se faça um resgate histórico e projetar esse resgate histórico nos atuais dias. Assim, poderemos entender melhor os aspectos relacionados a inovação, fazer uso desse termo de maneira adequada e não somente ser levado pelo embalo dos modismos passageiros, como há muito temos observado. A história cumpre, portanto seu papel, pois ao estudarmos o passado compreendemos o presente e projetamos o futuro.


Os exemplos mundiais de crescimento econômico passam obrigatoriamente por sistemas que de alguma forma foram inovadores. Tomemos por exemplo as grandes potências do pós-guerra (E.U.A. e U.R.R.S.) que a partir de inovações tecnológicas ganharam terreno, literalmente, e venceram a segunda e insana guerra mundial. As tecnologias desenvolvidas naquela guerra foram decisivas, e com o passar dos anos, se incorporaram ao dia-dia das pessoas, desde sistemas de comunicação até utensílios e eletrodomésticos do dia-dia. Tecnologias desenvolvidas pela derrotada Alemanha também foram difundidas e incorporadas, com o passar dos anos, à vida dos civis. Nota-se, portanto, que a competitividade, a necessidade de estar à frente canaliza esforço para desenvolver mais e melhor, o que quer que seja. Mesmo nos tempos da Guerra Fria, a disputa entre o Capitalismo X Socialismo, mostrava uma queda de braço ferrenha entre essas duas forças e que pode ser muito bem resumida e exemplificada pela corrida espacial Norte Americana e Soviética.


Nesse ínterim, enquanto basicamente duas nações brigavam entre si para ver quem dominava o mundo, um terceiro país arruinado pela guerra, inova em suas ações e aliada à sua forte disciplina e seu sentimento de nacionalismo, cresce e desponta como uma potência mundial, o Japão. Nas três décadas seguintes ao fim da guerra, o Japão inovou em suas práticas, principalmente àquelas de gestão empresarial, fortemente ligada ao controle da Qualidade e ao Controle Estatístico do Processo, numa fase de aprendizado e ensinamentos constantes, coordenados pelos engenheiros norte americanos Josef Moses Juran e William Edwards Deming. A inovação (entre outras coisas) projetou o Japão para o mundo e como a segunda maior economia do planeta, terceiro maior poder per capita de compra, sexto maior exportador e quarto maior importador.


A partir da década de 70 e principalmente na de 80, observamos outros crescimentos exponenciais. Naqueles anos, depois de um maciço investimento em educação surgem no cenário mundial os Tigres Asiáticos. Formados por Coréia do Sul, Hong Kong, Singapura e Taiwan. Naquele período vemos as tecnologias espalharem-se pelo mundo e a população daqueles países, saírem dos índices de (sub) desenvolvimento semelhantes aos da áfrica para ficarem com esses mesmo índices, semelhantes ao do Japão. Claro, a grande força Japonesa influenciou seus países circunvizinhos, mas não fora determinante. De alguma forma esses países começaram a exportar fortemente seus produtos, calcados nos baixos preços, evidentemente, mas principalmente nas novidades neles embutidas. Portanto, nas inovações, tanto nos produtos, como nas suas práticas internas e agora também externas.


E a Grande pergunta que fica é: como fica o Brasil neste cenário? Onde ele aparece (ou se esconde)?


Abordaremos a realidade Brasileira no próximo texto, mas fica claro pelo brevíssimo relato que, não há inovação onde não haja educação e destaquemos aqui, a educação de nível superior, mas isso é assunto para frente.


Caros amigos, um apanhado muito geral e genérico acerca de um breve período histórico, apenas para dar uma base e um rumo às nossas idéias e discussões futuras.


Forte abraço da equipe SEVEN!

QUALIDADE VI

Caríssimos amigos e leitores, saudações!


Hoje faremos nossa última abordagem, pelo menos nessa série, sobre o tema da qualidade nas organizações. E para encerrar vamos destacar a importância de tratar desse assunto de maneira profissional a partir de uma das premissas mais básicas para um sistema como tal, que é a tomada factual de decisões.


Tomada factual, implica obrigatoriamente na tomada de decisões baseada em fatos consistentes e não em fatos isolados ou baseados em previsões inconsistentes sem uma fundamentação plausível. Decisões tomadas na base do "achismo" ou de acordo com uma moda passageira, conduzirão a empresa ao desenvolvimento de uma imagem insólita e pouco confiável perante os seus clientes e à sociedade de maneira geral.


Tipicamente as decisões no contexto da qualidade possuem como sustentáculo, principalmente números de uma estatística conduzida sistematicamente e sempre realimentada. Pesquisas análises, melhorias, são os alimentadores e geradores de valores quantitativos e qualitativos de modo a se diagnosticar a situação atual e dar base para as mudanças necessárias ou não.


Desta forma, torna-se imperativo o acompanhamento da situação atual, bem como os registros pertinentes. Sempre se inicia uma melhoria a partir de um histórico de acontecimentos e, portanto, a análise e os registros de hoje, tornar-se-ão o histórico do amanhã. Quando não existe registro algum, pouco há o que se fazer a não ser programar uma sistemática de coleta de informações para a geração desse histórico mínimo, provedor de subsídios para decisões. Impreterivelmente, aparecerão aí os primeiros indicadores do Sistema de Qualidade, e que serão os termômetros da organização como um todo, ou de uma situação em particular.


A implantação de um SGQ não é algo trivial, pois exige acima de tudo, disciplina e comprometimento por parte de toda a equipe, a começar pela alta direção da empresa. Um velho ditado latino diz que: "As palavras movem, mas os exemplos arrastam", assim uma Direção comprometida, verdadeiramente, com a qualidade da empresa, inspira todos os integrantes à buscarem as superações para atender os requisitos da qualidade, e acima de tudo, acreditem, para melhorar a imagem da empresa perante toda à sociedade, de modo a sentirem orgulho de fazerem parte daquela organização.


Essa disciplina e comprometimento desenvolverão a cultura da qualidade. Permitirá o desenvolvimento e o fortalecimento reais dos demais pilares da qualidade, dentre eles o de melhorar continuamente. Até os anos 70 a ordem do sistema era a produtividade. Produzir mais com os mesmos, isso era o que diferenciava as empresas, pois a demanda era alta e a oferta nem tanto. A partir da década de 70 até final dos anos 90, o imperativo era a qualidade.




Fonte: Produtividade Alavancada Para a Competitividade - PROMINP - Lydia Lopes Correia da Silva


O diferencial das empresas estava em quem ofertava com maior qualidade, naquele momento tínhamos alta demanda, mas também alta oferta, e o diferencial fora acentuado pela qualidade, mas sem deixar de lado a produtividade. Vejam que, ênfase passou para a qualidade, pois produtividade já era algo subentendido para as organizações, ou seja, algo trivial, com dispêndio de forças de forma natural para isso. Por sua vez, o atual momento que podemos dizer ter início nos anos 2000, dá ênfase à competitividade, a oferta está muito, muito alta. A qualidade é algo intrínseco, já é algo trivial, que deve ser adotado sistemas de controle da qualidade como a própria contabilidade da empresa, por exemplo. Pode ser algo informal dentro da empresa, não há que se ter obrigatoriamente vistas à certificações, embora seja importante, todavia, tem que ser algo sistemático, consistente e perene, algo cultural.


Esse desenvolvimento cultural, a chamada cultura da qualidade, é a partir de ações constantes, que viram hábitos, que em conjunto formam a cultura da organização. Essa cultura afetará tanto o ambiente interno como o externo, isto é, a sociedade na qual a organização está inserida. Como já dissemos em textos anteriores, qualidade deve ser orientada por processos e ter uma visão sistêmica e, portanto, o ambiente externo afeta e é afetado pela organização. A figura abaixo mostra em linhas gerais essa visão de todo que a qualidade proporciona a partir o comprometimento da direção da organização.


Qualidade 2.JPG


Fonte: própria



Caros amigos, por hora sobre o tema qualidade, encerrou por aqui. Muita coisa ainda pode ser discutida e pontos particulares desse interessantíssimo tema podem ser abordados de maneira específica, como as ferramentas da qualidade por exemplo.


Ademais um forte abraço, continue nos acompanhando e na próxima semana abordaremos um tema novo!


Forte abraço da equipe SEVEN!